Clos de la Commaraine: A Burgundian precision project

Há lugares que, ao serem redescobertos, reacendem a chama da paixão pelo vinho. O Clos de la Commaraine, em Pommard, é um desses tesouros que, após anos de silêncio, volta a brilhar sob uma nova luz. 

Em certos lugares do mundo, o vinho não é apenas o resultado de uma fermentação — é o reflexo íntimo da terra, das pessoas e da história. Clos de la Commaraine, no coração de Pommard, é um desses lugares sagrados da Borgonha. Um monopólio murado desde o século XII, com 3,75 hectares, onde o passado e o futuro se entrelaçam numa narrativa de renascimento e beleza.

Uma História que remonta ao Século XII

Situado no coração da Borgonha, o Clos de la Commaraine é um monopólio de 3,75 hectares classificado como Premier Cru. Com raízes que remontam ao século XII, este vinhedo foi, durante séculos, um dos mais prestigiados da região. Em 1759, seu vinho era valorizado ao mesmo nível que os de Romanée, e em 1787, Thomas Jefferson o destacou como um de seus favoritos durante sua visita à Borgonha.

A Mentoria Discreta e Determinante de Louis-Michel Liger-Belair

O projeto conta, desde o início, com a mentoria de Louis-Michel Liger-Belair, referência absoluta em Vosne-Romanée. A sua filosofia de mínima intervenção, respeito absoluto pelo lugar e vinhos de elegância tátil influenciam claramente o estilo que nasce agora em Pommard.

O Terroir e a nova cara de Pommard

Localizado na encosta norte de Pommard, o Clos de la Commaraine possui solos ricos em argila e calcário, tingidos por óxidos de ferro. Essa composição confere aos vinhos uma elegância distinta, com taninos suaves e uma frescura notável. As vinhas, agora divididas em parcelas específicas, são vinificadas separadamente para capturar a singularidade de cada microterroir .

Paul Krug: Geologia, Intuição e Vinhos com Precisão

Por detrás da renovação do Clos de la Commaraine está Paul Krug, enólogo com raízes em Champagne e uma visão única sobre terroir. A sua formação combina o rigor científico da geologia com a sensibilidade enológica adquirida em dois dos mais respeitados nomes do vinho mundial:

  • Pedro Parra, o “master terroir” do Chile, com quem Paul trabalhou na análise geológica detalhada de solos renomados do mundo — uma escola que valoriza o vinhedo ao centímetro, identificando padrões minerais, drenagem, profundidade de raízes e expressão varietal em função da geologia.

  • Domaine du Comte Liger-Belair, em Vosne-Romanée, onde Paul desenvolveu um entendimento fino de vinificação de precisão, elegância borgonhesa e trabalho respeitoso com a fruta.

Hoje, no comando técnico do Clos de la Commaraine, Paul aplica uma abordagem quase cirúrgica à viticultura: cada bloco do Clos é tratado como um microcosmo distinto. Cada perfil de solo encontrado nos míseros 3 hectares do Clos demandam decisões específicas. Nada é padronizado. Tudo é personalizado e cuidado no detalhe.

Os 3,75 hectares do Clos foram meticulosamente mapeados por Parra e Krug, identificando as singularidades de cada microsetor. Cada parcela é tratada com um protocolo próprio:

  • Nas zonas de solo pobre, o trabalho é feito com cavalos, para evitar a compactação.

  • A sementeira de adubo é feita à mão, com compostos orgânicos naturais à base de estrume de aves.

  • A colheita é feita em várias passagens, respeitando o ritmo de maturação de cada bloco — porque os micro-terroirs de La Commaraine são extremamente diversos e atingem o ponto ideal em momentos distintos.

  • A poda, colheita e intervenções seguem o ritmo da vinha e do clima, num modelo de viticultura viva.

O resultado é um mosaico vivo, onde cada cacho tem o seu tempo, o seu cuidado, a sua expressão.

O objetivo não é intervir, mas sim entender — e deixar que o Clos fale com a sua própria voz.

Os 3,75 hectares foram mapeados por Parra e Krug e são trabalhados de forma individual e minuciosa por setores, como podemos ver no vídeo abaixo. 

Nas zonas do Clos onde a fertilidade do solo é mais baixa, o trabalho é feito com cavalo, respeitando a delicadeza da terra. Para evitar o excesso de compactação, recorre-se à sementeira manual de adubo — um composto orgânico feito à base de estrume de aves.

Biodinâmica com Intenção

A Commaraine segue práticas biodinâmicas estruturadas, com tratamentos como o preparado 500, que promove a vida microbiana no solo e aprofunda o enraizamento. O uso de ovelhas para pastoreio, infusões de plantas e intervenções segundo o calendário lunar compõem uma viticultura que valoriza o equilíbrio natural do ecossistema.

Tudo isto não por moda, mas porque o terroir exige escuta, não controle.

Um estilo novo para um sítio antigo

O Clos de la Commaraine Monopole 1er Cru revela um Pinot Noir de taninos refinados, frescura mineral e suculência subtil. Os solos argilo-calcários tingidos de ferro conferem estrutura e nervo, enquanto o savoir-faire borgonhês imprime delicadeza.

É Pommard, mas como nunca se provou antes.

Outras Cuvées Extraordinárias do Domaine

NUITS SAINT GEORGES 1ER CRU RONCIÈRE 2022

Localizado no meio de uma encosta virada a sudeste, este climat assenta em solo argilo-calcário pobre e pedregoso, com óxidos de ferro. O vinho apresenta uma estrutura tânica fina, delicadeza clássica e uma energia contida.
Fermentação sem engaço + 15 meses em carvalho francês (100% segundo uso).

NUITS SAINT GEORGES 1ER CRU AUX BOUSSELOTS 2022

Solo ligeiramente arenoso com argilas finas, dando origem a um Pinot mais aromático e linear, com textura elegante.
Fermentação sem engaço + 15 meses em carvalho francês (100% segundo uso).

CHAMBOLLE-MUSIGNY LES CONDEMENNES 2022

Vizinho de « Les Charmes » e « Les Amoureuses », este climat único deve o nome ao termo medieval condominium.
Solos de argilas finas com camada de cascalho calcário muito drenante.
Na boca: sedoso, profundo, sumarento, com taninos delicados e enorme finesse.

 

Veja todos os vinhos, em: Domaine de la Commaraine