Domaine Marquis d’Angerville: A nobreza da precisão em Volnay
“Volnay é uma das melhores escolhas para quem quer descobrir a Borgonha — pela sua consistência, dimensão contida e solos excecionalmente homogéneos.”
— Matt Kramer
“Pure and precise, elegant and pristine.” – Rajat Parr
Volnay é um lugar discreto. Encravado entre colinas suaves a sul de Beaune, abriga vinhos que sussurram ao ouvido em vez de gritarem ao paladar. E nenhum nome representa melhor essa elegância silenciosa do que o Domaine Marquis d’Angerville.
Mais de dois séculos em Volnay
O Clos des Ducs, monopólio do Domaine, pertence à mesma família há mais de 200 anos. A propriedade remonta ao século XII, tendo pertencido aos próprios Duques da Borgonha. Um levantamento real de 1507 já mencionava nomes hoje míticos como Champans, Taillepieds e Fremiet, que continuam a ser ícones de terroir.
Em 1804, o Barão du Mesnil adquiriu o Clos des Ducs e os terrenos circundantes. Desde então, seis gerações da família d’Angerville cultivaram este património extraordinário com rigor, discrição e uma fé profunda nos solos de Volnay. O atual herdeiro desta missão é Guillaume d’Angerville, que assumiu o comando após a morte do pai, Jacques, em 2003.
A revolução tranquila: da autenticidade à biodinâmica
Foi Jacques, figura incontornável da Borgonha do século XX, quem consolidou a reputação do domaine e defendeu com paixão o vinho engarrafado na propriedade — um gesto ousado, num tempo dominado pelo négoce, que o colocou ao lado de visionários como Henri Gouges e Armand Rousseau na defesa da autenticidade e da origem, o respeito pelas apelações e a integridade dos vinhos. Mas foi Guillaume quem trouxe a sua filosofia para o século XXI, iniciando a conversão à biodinâmica em 2006, inspirando-se em Anne-Claude Leflaive (Domaine Leflaive).
Hoje, sob a regência técnica de François Duvivier e com uma equipa que cuida de cada videira como um organismo vivo, a produção é integralmente biodinâmica, com solos cultivados à charrua, preparados naturais e vinificações suaves, não intervencionistas, que respeitam os ritmos da natureza e da vinha.
Como dizia o consultor Pierre Masson, "na biodinâmica, o elemento central é o ser humano".
Os grandes 1er Crus importados pela Temple Wines
A Temple Wines importa, em quantidades ínfimas e preciosas, três dos vinhos mais disputados do Domaine d’Angerville. São vinhos de culto, muitas vezes mais mencionados do que provados, mas cuja profundidade recompensa todos os que têm a sorte de os conhecer.
Abaixo, uma foto que tiramos que demonstra os diferentes perfis de solo de Volnay.
Volnay 1er Cru Champans
O mais generoso dos três premier crus e sua história data 1252. Com 3,98 hectares dos 11.19ha totais, Champans oferece uma síntese perfeita entre elegância e estrutura. É o arquétipo de Volnay para Guillaume d'Angerville! Localizado no centro dos 1er Crus de Volnay, as suas vinhas aproveitam a diversidade de solos da encosta, desde o calcário pedregoso no topo até à argila rica na base. O calcário que compõe a rocha mãe é do Oxfordiano, com alguma marga nas parcelas de cima do cru e limo nas partes de baixo.
Rajat Parr descreve-o com carinho:
“Champans, with more ferrous, brown soils, makes a rounder, stouter wine that’s ever chewy and satisfying.”
E Jasper Morris MW corrobora:
"É a quintessência de Volnay, com várias fontes excelentes para escolher, incluindo Marquis d'Angerville, Comtes Lafon e de Montille."Jancis Robinson:
"Platonic ideal of ‘red burgundy’."
18/20 – Jancis Robinson
"Cor rubi brilhante, de intensidade média a densa. Um leve toque de cogumelos no nariz. No palato, há muita substância — uma fruta gloriosa que quase nos faz esquecer a estrutura firme que está por trás. Um vinho expressivo e condimentado que se aproxima notavelmente do ideal platónico de um grande borgonha tinto. Bastante inebriante! Mas com um esqueleto bem definido. Mais encorpado e carnudo do que o Taille Pieds. E com um final interminável! (JR)"
Volnay 1er Cru Fremiet
Fremiet, o domaine possuí 1,57 ha, está situado abaixo do Clos des Ducs e no meio da colina. O solo é superficial, marneux, com excelente drenagem e rocha mãe do Oxfordiano. Embora encoste a Pommard, mantém o estilo puro de Volnay: fino, estruturado, delicado. É fruta e mineralidade, com elegância aveludada e uma subtileza que encanta com os anos.
17.5/20 – Jancis Robinson
"Rubi pálido. Nariz levemente salgado e sério, que dá lugar a um palato robusto e substancial. Um vinho com estrutura e promessa de longevidade.
Suculento e muito longo, mas ao mesmo tempo transparente, fiel ao perfil clássico de Volnay. O final é marcadamente seco, embora a fruta envolvente disfarce elegantemente os taninos. (JR)"
Volnay 1er Cru Taillepieds
Um dos terroirs mais elevados de Volnay. Com solo branco e pedregoso, o seu nome (“corta-pés”) alude à dureza do solo que desgastava as botas dos vinhateiros. É um vinho austero e sério na juventude, mas que revela-se plenamente com o tempo, revelando a mais pura essência de Volnay.
“Taillepieds, with its white marl, makes for a more austere, reserved wine that blossoms with age.” – Rajat Parr
18/20 – Jancis Robinson
"Rubi claro e brilhante. Nariz encantador e sedutor, já com uma sensação acolhedora e harmoniosa. No palato, a fruta surge ampla e evoluída — mas logo os taninos aparecem com firmeza e estrutura. É um vinho que se pode apreciar já… mas talvez ainda não se deva. Final vibrante e reverberante, que ecoa e salta no palato como uma bola de bilhar. Difícil prever uma janela exata de consumo, assumindo que o vinho não entre numa fase de fecho…(JR)"
Filosofia de vinificação: a voz da terra por extração suave
No Domaine Marquis d’Angerville, a vindima é feita exclusivamente à mão, e a data de colheita é decidida com extrema precisão, com base na maturação ideal dos bagos, grainhas e taninos. É uma das escolhas mais exigentes de cada ano: colher demasiado cedo compromete o equilíbrio e a profundidade do vinho; esperar demasiado pode resultar em vinhos excessivamente pesados e com menos frescura. Por isso, a equipa prova regularmente as uvas nas semanas que antecedem a colheita, recolhendo amostras que são depois analisadas em colaboração com a Burgundia Œnologie.
As uvas são colhidas em pequenas caixas e passam por uma triagem rigorosa. Na adega, são totalmente desengaçadas e colocadas nas cubas sem qualquer trituração, para preservar a integridade da fruta. A fermentação inicia-se com leveduras indígenas, após uma curta maceração pré-fermentativa a frio. Esta abordagem tradicional e não intervencionista permite ao vinho expressar, de forma pura, o carácter único de cada terroir e de cada ano.
A cuvaison decorre ao longo de 15 a 18 dias, com uma subida de temperatura gradual e controlada, que nunca ultrapassa os 30-32 °C no final da fermentação. Durante este tempo, o Domaine privilegia técnicas de extração suaves e naturais, que separam apenas os taninos mais nobres, promovendo cor, textura e elegância com grande estabilidade.
No final da fermentação, a prensagem é feita com enorme delicadeza, e o vinho é transferido por gravidade para barricas de carvalho francês situadas diretamente sob a sala de vinificação – um gesto que reflete o respeito absoluto pela integridade do vinho e do seu percurso natural.
O Domaine utiliza apenas 20% de carvalho novo, para deixar o terroir falar (15% em 2022, sendo dividido entre Taransaud e Damy). Os vinhos são engarrafados sem colagens nem filtragens. Tudo é pensado para que o vinho seja um reflexo fiel do solo, da videira e do ano.
Guillaume diz que a missão do domaine é desaparecer atrás do vinho. E consegue.
Um legado vivo
O Domaine Marquis d’Angerville é hoje uma das referências absolutas da Borgonha. Não apenas pelos seus vinhos sublimes, mas pela sua integridade e fidelidade à terra. São vinhos para guardar, para abrir com reverência, para partilhar com quem entende a magia dos grandes Pinot Noirs.
A Temple Wines orgulha-se de ser guardiã portuguesa de um dos maiores legados do mundo do vinho.
Explore esta expressão singular da Borgonha.
Quantidades extremamente limitadas dos vinhos de d’Angerville estão disponíveis na nossa loja.
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